FLEXIBILIDADE DE USO, CONFORTO AMBIENTAL E ERGONOMIA SÃO ALGUNS DOS FATORES DECISIVOS QUE GERAM ESPAÇOS CORPORATIVOS AGRADÁVEIS E ESTIMULANTES.Por Silvana Maria RossoAo projetar um ambiente corporativo, se por um lado é importante promover a integração, por outro, deve-se levar em conta o indivíduo e as possíveis interferências externas, preservando a sua privacidade.
"Um espaço bem planejado facilita o desempenho das atividades, trazendo mais produtividade e,
onseqüentemente, preservando a auto-estima das pessoas", ressalta Isabel Ária, diretora da Satôria, empresa de estratégias de recursos humanos. O diagnóstico realizado com cada funcionário e com a equipe tem levado a novas interpretações dos espaços. Projetos corporativos começam a prever áreas especiais para convivência, pesquisa, pequenas refeições e "até para cuidados com a saúde", destaca Isabel. "É preciso conhecer as pessoas que vão ocupá-lo e suas necessidades individuais e coletivas, o trabalho a ser realizado, o fluxo da informação, a cultura da empresa e onde ela quer chegar", alega. "Não se deve esquecer da identidade corporativa, que precisa estar intrínseca à estética do projeto", acrescenta a arquiteta Ana Mello, mestre em estruturas ambientais urbanas pela FAUUSP e docente da pós-graduação do Centro Universitário Senac. Atualmente, o ambiente de trabalho é um reflexo da filosofia e da imagem da corporação, mostrando a importância de cada colaborador e do próprio cliente em sua cadeia produtiva.
"O tamanho da mesa, por exemplo, já não determina a hierarquia que a pessoa ocupa e sim as necessidades da atividade", explica Heloisa Dabus, da Dabus Arquitetura.
Versatilidade para mudançasAs empresas ampliam ou reduzem os postos de acordo com as suas necessidades momentâneas e as rápidas transformações tecnológicas também exigem flexibilidade e agilidade na hora de instalar novos equipamentos.Assim, o mobiliário deve permitir a alteração de layout sem maiores transtornos e obras, enfatiza a arquiteta Lua Nitsche, que prefere as instalações aparentes, mesas e cadeiras padronizadas, facilitando futuras mudanças. Heloisa Dabus é adepta do open space, que, segundo ela, é mais barato e consente a expansão sem a necessidade de mexer na infra-estrutura. Segundo Heloisa, o piso elevado assim como as divisórias e biombos que embutem as instalações propiciam espaços mais versáteis.
Conforto ambiental e sustentabilidadeExcesso ou carência de luz, calor e ventilação, e a interferência de ruídos externos e internos podem causar desconforto e diminuir a produtividade do funcionário. "No entanto, a resposta a esses estímulos é única e, por isso, o conforto ambiental deve ser estudado de maneira abrangente", sugere a arquiteta Joana Gonçalves, professora de sustentabilidade e conforto ambiental da FAUUSP.As medidas para garantir o bem-estar variam de acordo com cada espaço.
Mas muitos problemas de interiores acontecem devido à má arquitetura, alerta Gilda Collet Bruna, arquiteta e coordenadora da pós-graduação de arquitetura e urbanismo do Mackenzie. "O uso abusivo do vidro, por exemplo, gera um clima interno inadequado, pois a radiação do sol converte-se em calor que depois deve ser retirado", alerta Gilda.O controle apropriado da incidência solar, da ventilação natural, da umidade e do resfriamento do ar traz benefícios sobre o rendimento do funcionário e gera ambientes eficientes, sustentáveis e econômicos. Já os ruídos do ambiente podem ser minimizados com a setorização das atividades, evitando possíveis conflitos, e com o confinamento de áreas que exigem sigilo e privacidade, além dos forros acústicos e as divisórias tratadas especialmente, relata o arquiteto João Gualberto Baring, professor doutor em acústica de edificações da FAUUSP.
Móveis funcionais e ergonômicosO bem-estar do usuário está diretamente relacionado à adequação do mobiliário às suas necessidades de uso e características físicas. Para um sentar confortável, a cadeira deve propiciar boa sustentação lombar, assegurando aos pés apoio no piso e, às pernas, livre movimentação, evitando que sofram pressão nas coxas e nas panturrilhas. "O ideal é que a cadeira possa abaixar-se no mínimo até 32 cm", ensina o designer João Bezerra Menezes, professor de ergonomia e de design e arquitetura da FAUUSP.
De acordo com Menezes, a altura ideal do plano de trabalho é entre 65 cm e 75 cm. Se o layout do mobiliário não permitir o apoio dos membros superiores na superfície de trabalho, ele pode ser garantido com a sustentação dos braços da cadeira, que também devem possibilitar os ajustes de altura e largura.
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Publicado na Revista AU, da Editora PINI)